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Perfil Seu Américo

  • Foto do escritor: Gabrielle Gonçalves
    Gabrielle Gonçalves
  • 6 de jan. de 2021
  • 2 min de leitura

Talvez por força do hábito, eu começaria este perfil tratando Américo Candido de Souza como Seu Américo. Mas, na nossa conversa, durante a minha última visita ao Jardim Niceia, ele não me permitiu chamá-lo de senhor. Américo é dono de uma fé inabalável. Para ele, o Senhor está no céu.

Américo nasceu e cresceu em Duartina, interior de São Paulo. Mas em sua cidade natal, não havia tantas oportunidades de serviço. Assim, na década de 1980, ele se muda para Paraguaçu Paulista, para trabalhar na reforma de uma fazenda. Quando a obra terminou, em 1984, Américo se mudou para Bauru com sua família. Aqui, ele morou em diversos bairros antes de chegar à Rua 5 do Jardim Nicéia.

Durante seus 63 anos de vida, Américo já passou por algumas dificuldades. Há 12 anos, ele precisou se aposentar da profissão de pedreiro devido a um problema na coluna.

Na nossa conversa, Américo me conta também que é pai de 9 filhos, sendo 8 deles vivos. Ele já perdera uma filha aos 10 meses de idade. Mas, ele compreende a dor. Afinal, “ela está com Deus”.

Se a falta de asfalto no bairro compromete a mobilidade dos moradores, para Américo, ela é ainda pior. Desde que sofreu um AVC, há 3 anos, ele utiliza uma cadeira de rodas para se locomover. Contudo, a não pavimentação das ruas não permite que ele vá muito além de sua porta. Mas, isso não é problema para Américo, uma vez que ele não vê motivos para se lamentar. Quando precisa de alguma coisa, seu ex-enteado e vizinho, o “Pastor”, o leva de carro até os lugares que ele deseja ir.

Aliás, esse episódio do AVC foi uns do que mais me chamaram atenção na vida de Américo. Ele mora sozinho há um bom tempo. Quando passou mal, uma vizinha viu e foi socorrê-lo. Ela ligou para a ex-esposa dele e eles foram para o hospital. Lá, ele tomou uma injeção para que sua pressão abaixasse. Américo, então, voltou para casa.

Como voltou a passar mal, sua finada mãe exigiu que ele fosse a uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA). Dessa vez, ele ficaria internado durante 2 meses. O médico responsável chegou a dizer aos seus filhos que ele provavelmente não sobreviveria e que, se sobrevivesse, ficaria "vegetando".

Hoje, além do Pastor, Américo também conta com a ajuda de seu ex-padrasto, de 92 anos, e de duas médicas que o atendem em casa. Com uma delas, inclusive, ele mantém uma relação de pai e filha.

Apesar de ter tido uma vida recheada de dificuldades, ele não se queixa de nenhuma delas. Para ele, tudo que passou é uma lição ou uma consequência. Américo acredita que todos carregam sua própria cruz, e, como Jesus, não podemos nos lamentar por isso. Ele diz que, por ter a vida firmada por Deus, prefere ver os obstáculos como passageiros. Por isso, não sofre e vive melhor.

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Seu Américo. Foto por Rafaela Monteiro/Voz do Niceia.

 
 
 

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